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ERGONOMIA-2 (1)

Date post: 30-Oct-2015
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  • ERGONOMIA

  • SUMRIOCaptulo 1 - INTRODUO.............................................................................................................................. 5

    1.1 - Introduo Ergonomia ......................................................................................................................... 51.2 - Histrico................................................................................................................................................. 51.3 - Objetivos da Ergonomia......................................................................................................................... 61.4 - Modalidades de interveno ergonmica ............................................................................................... 71.4.1 - Ergonomia de concepo .................................................................................................................... 71.4.2 - Ergonomia de correo........................................................................................................................ 71.4.3 - Ergonomia de mudana....................................................................................................................... 71.5 - Abordagem interdisciplinar da ergonomia ............................................................................................. 7

    Captulo 2 - ANLISE ERGONMICA DE SISTEMAS............................................................................... 92.1 - Introduo ............................................................................................................................................ 92.2 - Conceito de Sistema ............................................................................................................................. 92.3 - Sistema Homem-Mquina.................................................................................................................. 102.4 - Caractersticas dos Sistemas............................................................................................................... 112.4.3 Consideraes sobre a otimizao de sistemas.................................................................................... 122.4.4 - Confiabilidade de Sistemas ............................................................................................................... 132.5 - Homem versus Mquina..................................................................................................................... 142.5.1 - O homem se distingue por:............................................................................................................... 142.5.2 - A mquina se distingue por:............................................................................................................ 142.6 Problemas de automao ........................................................................................................................ 15

    Captulo 3 - BIOMECNICA OCUPACIONAL ......................................................................................... 173.1 - Introduo .......................................................................................................................................... 173.2 - O Trabalho Muscular ......................................................................................................................... 173.3 - Posturas .............................................................................................................................................. 183.3.1 - Posturas do Corpo ............................................................................................................................. 193.3.2 - Registro da postura.......................................................................................................................... 203.3.3 - Recomendaes para melhorar as tarefas e os postos de trabalho..................................................... 223.4 - Movimentos........................................................................................................................................ 233.5 - Levantamento e transporte de cargas ................................................................................................... 243.5.1 - Recomendaes Para o Levantamento de Cargas ............................................................................. 25Restrinja o nmero de tarefas que envolvam a carga manual....................................................................... 253.5.2 - Equao de NIOSH - National Institute of Occupational Safety and Health .................................. 273.5.3 - Recomendaes Para o Transporte de Cargas................................................................................... 32

    Captulo 4 - ANTROPOMETRIA.................................................................................................................. 334.1 - Introduo ............................................................................................................................................ 334.2 - Padres Internacionais de medidas antropomtricas ............................................................................ 344.3 - Realizao das medidas antropomtricas ............................................................................................. 344.3.1 - Definio dos objetivos..................................................................................................................... 344.3.2 - Definio das medidas ...................................................................................................................... 354.3.3 - Escolha dos mtodos de medida........................................................................................................ 354.3.4 - Seleo da amostra ............................................................................................................................ 354.3.5 - Medies ........................................................................................................................................... 364.3.6 Apresentao e anlise dos resultados .............................................................................................. 364.6 - Antropometria: aplicaes................................................................................................................. 384.6.1. - Espao de trabalho ......................................................................................................................... 384.6.2. - Superfcies horizontais ................................................................................................................... 394.6.3. - Assento............................................................................................................................................ 42

    Captulo 5 - POSTO DE TRABALHO .......................................................................................................... 475.1 - Introduo .......................................................................................................................................... 475.2 - Enfoque tradicional do posto de trabalho........................................................................................... 475.3 - Enfoque ergonmico do posto de trabalho......................................................................................... 485.4 - Projeto do posto de trabalho................................................................................................................ 485.4.1 - Descrio da tarefa .......................................................................................................................... 495.4.2 - Descrio das aes......................................................................................................................... 49

  • 5.5 - Arranjo fsico do posto de trabalho .................................................................................................... 505.6 - Conceitos Bsicos Relacionados ao Ser Humano e ao Arranjo Fsico de Seu Local de Trabalho ..... 525.7 - Regras Bsicas de Ergonomia na Organizao do Arranjo Fsico (Layout)....................................... 535.8 - A importncia do espao pessoal no trabalho .................................................................................... 555.9 - Dimensionamento do posto de trabalho ............................................................................................. 56

    Captulo 6 - DISPOSITIVOS DE INTERAO HOMEM-MQUINA: ...................................................... 57CONTROLES E MOSTRADORES .............................................................................................................. 57

    6.1 - Introduo .......................................................................................................................................... 576.2 - Movimentos de controle..................................................................................................................... 576.3 - Controles ............................................................................................................................................ 596.3.1 - Classificao dos controles ............................................................................................................. 606.3.2 - Discriminao dos controles ........................................................................................................... 616.3.3 - Preveno de acidentes com controles ............................................................................................ 646.4 - Mostradores........................................................................................................................................ 646.4.1 - Principais tipos de mostradores....................................................................................................... 646.4.2 - Desenho de mostradores.................................................................................................................. 666.4.3 - Localizao de mostradores ............................................................................................................ 696.5 Associao de controles e mostradores ............................................................................................... 716.5.1 - Compatibilidade espacial ................................................................................................................ 71

    6.5.2 - Princpios a serem seguidos na associao de controles e mostradores ................................................ 726.5.3 - Sensibilidade do deslocamento ....................................................................................................... 73

    Captulo 7 - FATORES AMBIENTAIS......................................................................................................... 757.1 - Introduo .......................................................................................................................................... 757.2 - Temperatura, umidade e velocidade do vento ..................................................................................... 757.2.1 - Trabalho a altas e baixas temperaturas............................................................................................ 757.3 - Rudo.................................................................................................................................................. 777.3.1 - Surdez provocada pelo rudo........................................................................................................... 777.3.2 - Influncia do rudo no desempenho ................................................................................................ 787.4 - Vibraes ........................................................................................................................................... 797.4.1 - Efeito das vibraes sobre o organismo .......................................................................................... 807.4.2 - Controle das vibraes .................................................................................................................... 827.5 - Iluminao.......................................................................................................................................... 837.5.1 - Efeitos fisiolgicos da iluminao .................................................................................................. 837.5.2 - Planejamento da iluminao............................................................................................................ 857.6 - Cores .................................................................................................................................................. 867.6.1 - Caractersticas das cores.................................................................................................................. 867.6.2 - Planejamento das cores ................................................................................................................... 88

    Captulo 8 - ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO............................................................................ 918.1 - Introduo ............................................................................................................................................ 918.2 Anlise Ergonmica da Demanda ....................................................................................................... 918.2.1 - Dados que devem ser coletados pela anlise da demanda................................................................. 918.3 - Anlise Ergonmica da Tarefa ............................................................................................................. 928.3.1 - Delimitao do sistema homem-tarefa .............................................................................................. 938.3.2 - Descrio das componentes do sistema homem-tarefa ..................................................................... 93

    a) Dados a serem levantados referente ao homem............................................................................................ 948.3.3 - Avaliao das exigncias do trabalho.............................................................................................. 968.4 - Identificao e deteco das sndromes ergonmicas .......................................................................... 97

    ERGONOMIA.................................................................................................................................................. 99CAPTULO 9 - ARRANJO FSICO ................................................................................................................ 99

    9.1 - Introduo ............................................................................................................................................ 999.2 - Conceito de arranjo fsico .................................................................................................................. 1009.3 - Como surge o problema do arranjo fsico ......................................................................................... 1019.4 - A chave dos Problemas de Arranjo Fsico ....................................................................................... 1019.5 - Objetivos do arranjo fsico ................................................................................................................. 1029.6 - Princpios do arranjo fsico .............................................................................................................. 1029.7 - Recomendaes ao estudo do arranjo fsico..................................................................................... 103

  • 9.8 - Procedimentos para determinao do arranjo fsico......................................................................... 1049.9 - Estudo do Problema ......................................................................................................................... 1059.10 - Concepo do Arranjo Fsico ......................................................................................................... 1079.10.1 - Tipos bsicos de arranjo fsico .................................................................................................... 1079.10.2 - Estudo do Fluxo .......................................................................................................................... 1119.10.3 - Inter-relaes no baseadas no fluxo de materiais ...................................................................... 1169.10.4 - Alternativas de arranjo fsico ...................................................................................................... 1189.10.5 - Escolha da concepo do arranjo fsico....................................................................................... 1189.11 - Projeto Detalhado do Arranjo Fsico.............................................................................................. 1209.11.1 - Dimensionamento de reas.......................................................................................................... 1219.12 - Apresentao do estudo.................................................................................................................. 125

    Referncias Bibliogrficas.............................................................................................................................. 128

  • 5ERGONOMIACaptulo 1 - INTRODUO

    1.1 - Introduo Ergonomia Segundo WISNER, Ergonomia o conjunto de conhecimentos cientficos relativos ao

    homem e necessrios para a concepo de ferramentas, mquinas e dispositivos que possam serutilizados com o mximo de conforto, de segurana e de eficcia.

    Para a Ergonomics Research Society (Inglaterra), Ergonomia o estudo do relacionamentoentre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicao dosconhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na soluo dos problemas surgidos desserelacionamento.

    Simplificadamente I. IIDA define Ergonomia como sendo o estudo da adaptao dotrabalho ao homem.

    Trabalho no conceito ergonmico considerado toda a situao em que ocorre orelacionamento entre o homem e uma atividade a ser realizada. Isso envolve no somente mquinas,equipamentos e ambiente fsico, mas tambm os aspectos organizacionais de como esse trabalho programado e controlado para produzir os resultados desejados.

    A Ergonomia parte do conhecimento do homem para fazer o projeto do trabalho, ajustando-o s capacidades e limitaes humanas.

    1.2 - HistricoDe forma intuitiva, j se pratica a Ergonomia desde que existe o homem. As primeiras

    armas e ferramentas conhecidas j eram adaptadas s pessoas. Mas foi a partir deste sculo que aergonomia realmente experimentou seu desenvolvimento.

    Depois da primeira guerra mundial criou-se, na Inglaterra, uma comisso para investigarsinais de fadiga em trabalhadores de indstrias. Esta deve ter sido a primeira pesquisa cientficasobre os problemas do homem no seu trabalho. Durante a segunda guerra mundial, houve um rpidodesenvolvimento tcnico na rea militar, sendo criados e construdos equipamentos e dispositivoscada vez mais complexos, exigindo reaes rpidas e alto nvel de estresse. Com isso, odesempenho destes sistemas ficou bem abaixo do esperado, os equipamentos e dispositivos foramsub-utilizados.

    A concluso imediata foi que era necessrio conhecer mais sobre o homem, suasqualidades, habilidades e sobretudo, suas limitaes, para poder otimizar o sistema. Pela primeiravez, houve uma conjugao sistemtica de esforos entre a tecnologia e as cincias humanas.Fisiologistas, psiclogos, antroplogos, mdicos e engenheiros trabalharam juntos para resolver osproblemas causados pela operao de equipamentos militares complexos. Os resultados desseesforo interdisciplinar foram to gratificantes, que foram aproveitados pela indstria, no ps-guerra.

    O interesse nesse novo ramo de conhecimento cresceu rapidamente, em especial na Europae nos Estados Unidos. Assim, em 1949, foi fundada, em Oxford na Inglaterra, a Ergonomics

  • 6Research Society, uma sociedade de cientistas, cujo objeto de estudos e pesquisa era o homem e seutrabalho. Criaram ento Ergonomia, como cincia do trabalho, de carter interdisciplinar. O termoErgonomia, de origem grega (Ergon - trabalho; nomos - lei, regra, teoria), contudo, j tinha sidocunhado antes, na Polnia, no sculo XIX. Em 1961 foi criada a International ErgonomicsAssociation (IEA). Atualmente, ela representa as associaes de ergonomia de quarenta diferentespases, com um total de 15 mil scios (No Brasil, a Associao Brasileira de Ergonomia foi fundadaem 1983 e tambm filiada a IEA).

    1.3 - Objetivos da ErgonomiaOs objetivos bsicos da Ergonomia so:

    - humanizar o trabalho;- aumentar a produtividade.

    Dentro desta viso, a Ergonomia uma cincia de apoio a projetistas, planejadores,organizadores, administradores, em atividades de projetos e avaliaes (SELL, 1995).

    Para realizar seus objetivos, a Ergonomia estuda diversos aspectos do comportamentohumano no trabalho e suas relaes com fatores importantes para o projeto de sistemas de trabalho.Portanto o estudo ergonmico envolve:- o homem: analisando suas caractersticas fsicas, fisiolgicas, psicolgicas e sociais; influncia dosexo, idade, treinamento e motivao;- a mquina entendendo-se como sendo todas as ajudas materiais que o homem utiliza no seutrabalho, englobando os equipamentos, ferramentas, mobilirio e instalaes;- o ambiente: estuda as caractersticas do ambiente fsico que envolve o homem durante o trabalho,como a temperatura, rudos, vibraes, luz, cores gases e outros;- as informaes: refere-se as comunicaes existentes entre os elementos de um sistema, atransmisso de informaes, o processamento e a tomada de decises;- a organizao: a conjugao dos elementos acima citados no sistema produtivo;- as conseqncias do trabalho: questes de controles como tarefas de inspeo, estudo dos erros eacidentes, alm dos estudos sobre gastos energticos, fadiga e stress.

    Todos esses aspectos fazem com que a prtica ergonmica seja caracterizada por (SELL,1995):

    - utilizao de dados cientficos sobre o homem;- origem multidisciplinar desses dados;- aplicao dos mesmos sobre o dispositivo tcnico, sobre a organizao do trabalho e

    sobre a formao;- perspectivas de uso destes dispositivos tcnicos pela populao de trabalhadores

    disponveis, dispensando uma seleo severa.

    Ento os objetivos prticos da ergonomia so:- a segurana;

  • 7- a satisfao;- o bem estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos.Diante disso, eficincia no o objetivo principal da ergonomia, porque ela, isoladamente,

    pode significar sacrifcio e sofrimento para os trabalhadores, o que inaceitvel do ponto de vistaergonmico. Deve-se considera isso tanto na concepo de um produto como em um processo,principais campos de atuao da ergonomia.

    1.4 - Modalidades de interveno ergonmica- Ergonomia de concepo;- Ergonomia de correo;- Ergonomia de mudana.

    1.4.1 - Ergonomia de concepoOcorre quando a contribuio ergonmica se faz durante a fase inicial de projeto do

    produto, do sistema ou do ambiente. Permite agir precocemente, o que normalmente torna a aomais eficaz e a um custo baixo. Exige porm, maior conhecimento e experincia por parte dosergonomistas, porque as decises so tomadas em cima de decises hipotticas.

    1.4.2 - Ergonomia de correo aplicada em situaes reais, j existentes, para resolver problemas que se refletem na

    segurana, na fadiga excessiva, em doenas do trabalhador e na quantidade e qualidade daproduo.

    1.4.3 - Ergonomia de mudanaAproveita para melhorar as condies de trabalho por ocasio de mudanas no sistema em

    estudo.

    1.5 - Abordagem interdisciplinar da ergonomiaTodo o conhecimento sobre o homem, ambiente, processos, mquinas, relaes pessoais,

    so fontes de informaes preciosas para o ergonomista. Portanto, deve-se consultar:- mdicos do trabalho;- analistas do trabalho;- psiclogos;- engenheiros;- desenhistas industriais;- engenheiros de segurana;- engenheiros de manuteno;

  • 8- programadores de produo;- administradores;- compradores.

    Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas oficiais, com oobjetivo de estimular a aplicao dos mesmos. Estas se encontram nas normas ISO (InternationalStandardization Organization), nas normas europias EN da CEN (Comit Europen deNormalisation), bem como nas normas nacionais, por exemplo, na norma ANSI (EUA) e BSI(Inglaterra). Alm disso, h normas especficas de ergonomia que so aplicadas em certas empresase setores industriais. No Brasil, h a Norma Regulamentadora NR 17 - Ergonomia, Portaria no

    3.214, de 8.6.1978 do Ministrio do Trabalho, modificada pela Portaria no 3751 de 23.11.1990 doMinistrio do Trabalho).

  • 9ERGONOMIA

    Captulo 2 - ANLISE ERGONMICA DE SISTEMAS

    2.1 - IntroduoO projeto de qualquer tipo de mquina, equipamento ou produto no uma atividade

    isolada, mas destina-se a desenvolver certas funes e habilidades que complementem aquelas doser humano.

    Essa atividade de projeto deve ser feita a partir de uma viso ampla, considerando todos oselementos que influiro no desempenho da mquina, dentro do ambiente em que a mesma deveroperar. A qualidade desse desempenho estar diretamente relacionada com o grau de adaptao damesma ao operador, ao sistema produtivo, organizao da produo, e at cultura tcnica daregio ou do pas.

    Alguns defensores da moderna tecnologia consideram que as mquinas podem substituirindiscriminadamente os homens, mas isso nem sempre possvel e muitas vezes no econmico,pois, se no forem tomados os devidos cuidados, podem provocar o aparecimento de diversosproblemas.

    Neste captulo, trata-se de forma sucinta de um sistema denominado Homem-Mquina.

    2.2 - Conceito de SistemaA palavra sistema muito utilizada atualmente com diversos sentidos. No nosso caso ser

    adotado um conceito que vem da biologia: sistema um conjunto de elementos (ou subsistemas)que interagem entre si, com um objetivo comum e que evoluem no tempo. Um sistema composto dos seguintes elementos:a) fronteiras - so os limites de um sistema. Podem ter uma existncia fsica, como a membrana deuma clula ou parede de uma fbrica, ou ser apenas uma delimitao imaginria para efeito deestudo, como a fronteira de uma posto de trabalho;b) subsistemas - so os elementos que compem o sistema;c) entradas (inputs) - representam os insumos ou variveis independentes do sistema.d) sadas (outputs) - representam os produtos ou variveis dependentes do sistemae) processamento - so as atividades desenvolvidas pelos subsistemas que interagem entre si paraconverter as entradas em sadas.

    Um exemplo de sistema poderia ser uma fbrica onde entra matria-prima (entrada) queaps uma srie de transformaes (processamento) em diversas operaes (subsistemas) resulta noproduto final (sada). As fronteiras desse sistema coincidem com as paredes da prpria fbrica. Sedesejarmos estudar uma operao em particular, por exemplo, a solda, podemos restringir o sistema,colocando a fronteira em torno da operao. Assim, esse novo sistema seria composto dossubsistemas: soldador e aparelho de solda. As entradas desse novo sistema seriam as peas a seremsoldadas e as sadas, as peas j soldadas. O processamento seria representado pela operao de

  • 10

    soldagem. Inversamente, se desejarmos estudar mais amplamente as atividades da fbrica, podemosampliar a fronteira do sistema a ser considerado, por exemplo, incluindo dentro da fronteira asoperaes de transporte para a entrada de materiais e as operaes de distribuio dos produtos paraa sada de materiais.

    Figura 2.1 - Exemplo de um sistema produtivo. Qualquer parte desse sistema constitui umsubsistema.

    (Itiro Iida, 1990)

    2.3 - Sistema Homem-MquinaO desenvolvimento das atividades em um processo estaro sempre dependentes da atuao

    de um Sistema Integrado Homem-Mquina, que devero funcionar harmoniosamente. Este sistema uma sucesso de informaes que estimulam os sentidos, levando a decises que resultam emaes que, por sua vez, determinam novos estmulos, numa contnua realimentao.

  • 11

    Figura 2.2 - Representao esquemtica das interaes entre os elementos de um sistema homem-mquina.

    A figura anterior uma representao esquemtica das interaes de um sistema homen-mquina. O funcionamento desse sistema pode ser descrito sucintamente da seguinte forma. Ohomem, para agir, precisa das informaes que so fornecidas pela mquina, pelo estado ousituao do trabalho, pelo ambiente e pelas instrues de trabalho. Essas informaes chegamatravs dos rgos sensoriais, principalmente a viso, audio, tato e movimentos das juntas docorpo atravs do senso cinestsico (que fornece informaes sobre movimentos de partes do corpo,sem exigir um acompanhamento visual), e so processadas no sistema nervoso central (crebro emedula espinhal), gerando uma deciso. Esta se converte em movimentos musculares, que agemsobre a mquina por meio dos dispositivos de controle.

    Um bom exemplo de um sistema homem-mquina o sistema homem-automvel. Ohomem recebe informaes do automvel atravs dos instrumentos, rudo do motor e outros. Ocampo de trabalho constitudo pela rua ou estrada, que tambm fornece diversas informaes aohomem. As informaes sobre o ambiente so representadas pela paisagem, sinalizao dasestradas, temperatura, iluminao externa e outras. Alm disso, o homem pode receber instruesdo trajeto que deve executar, a velocidade mxima permitida, e assim por diante. Com todas essasinformaes, ele dirige o automvel atuando nos dispositivos de controle representados pelospedais, volante, cmbio, botes e outros comandos. Finalmente, a sada ou resultado do sistema odeslocamento do automvel.

    2.4 - Caractersticas dos Sistemas

  • 12

    2.4.1 - Sistemas abertos: sistemas em que depois de acionados por um usurio, este no mantmmais controle sobre os mesmos. Ex: o arremesso de uma bola.

    2.4.2 - Sistemas fechados: sistemas que possuem mecanismos de realimentao que permitemintroduzir correes para compensar desvios de origens diversas. So tambm conhecidos comoservosistemas ( sistemas de controle automtico). Ex: um mssil.

    Nos sistemas abertos h a necessidade de intervenes externas para se corrigir odesempenho. Em sistemas fechados h mecanismos de auto-correo.Os seres vivos geralmente so servosistemas. Os servosistemas possuem uma propriedadedenominada homestase, o que lhes permite modificar ou adaptar seu comportamento em vista deeventos imprevistos. So capazes de manter um certo equilbrio, eliminando a influncia de fatoresestranhos. Ex: o controle da temperatura interno do corpo humano.

    Os servosistemas possuem desempenho superior aos sistemas abertos. Suas caractersticaspodem ser introduzidas em sistemas organizacionais e em mquinas para a obteno de melhoria dedesempenho. O que restringe o uso o custo elevado que, dependendo da situao, pode no servivel economicamente.O sistema homem-mquina pode ter caractersticas de um servosistema, desde que a mquina sejaprojetada de modo a fornecer, continuamente, informaes sobre seu desempenho, ao homem, etenha condies de reagir as aes humanas de controle.

    2.4.3 Consideraes sobre a otimizao de sistemasEm linguagem matemtica, a soluo tima de um problema aquela que maximiza ou

    minimiza a funo objetivo, dentro das restries impostas a esse problema. Isso significa que asoluo tima no existe de forma absoluta, mas para certos critrios (funo objetivo) definidos,tais como produo, lucros, custos ou acidentes.

    Quando a soluo tima refere-se a um subsistema, corresponde a uma soluo subtimapara o sistema maior, e esse fato merece uma certa ateno, conforme comenta-se a seguir.

    Normalmente, o projeto de um sistema dividido em partes, cada uma sob responsabilidadede uma equipe. Se cada equipe procurar otimizar a sua parte, sero produzidas diversas soluessubtimas. Entretanto quando essas solues subtimas forem conjugadas entre si, dentro dosistema global, no significa necessariamente que a soluo global seja tima. Fazendo umaanalogia, vamos supor que um carro seja projetado por duas equipes, uma fazendo o motor e outra ochassi. A primeira pode ter desenvolvido um motor excepcional, com 200 HP de potncia.Entretanto, a segunda equipe desenvolveu um chassi que suporta somente 100 HP. Se o motor forinstalado, alm de no haver um aproveitamento integral de sua potncia, provavelmente criardiversos problemas de transmisso, suspenso e outras partes, porque ela uma soluo subtima.No caso, seria melhor um motor mais modesto, mas cuja potncia fosse integralmente aproveitada.Provavelmente isso teria acontecido, se uma nica equipe tivesse desenvolvido o carrointegralmente, ou se, antes de comear o projeto, as especificaes de cada parte tivessem sidocuidadosamente definidas, em funo do desempenho global do projeto.

  • 13

    A subotmizao ocorre freqentemente devido considerao errnea das fronteiras dosistema. Ou seja, a soluo tima procurada dentro de um espao limitado, inferior ao do sistema,ou sobre julgamentos errados sobre a verdadeira fronteira do sistema. A fronteira nem sempre estligada rea fsica. Pode referir-se, por exemplo, aos aspectos organizacionais da produo ou aorelacionamento humano entre os membros da equipe.

    As subotimizaes tendem a aumentar em grandes projetos, em que cada parte entreguepara ser executada por diferentes equipes ou diferentes empresas. Nesse caso, s as especificaesbem elaboradas e a coordenao das atividades para que as mesmas sejam obedecidas, pode garantira otimizao global do projeto.

    Portanto, para se garantir a otimizao global em grandes projetos, necessrio haver umaorganizao e coordenao eficiente dos diversos subsistemas para se obter um bom desempenhodo sistema como um todo.

    2.4.4 - Confiabilidade de SistemasPara os propsitos deste estudo considera-se confiabilidade de um sistema como sendo a

    probabilidade deste obter um desempenho bem sucedido. Assim se a confiabilidade de umamquina for de 0,956 significa dizer que em 1.000 peas produzidas, 956 estariam dentro dospadres recomendados.

    A confiabilidade de um sistema depende: do nmero de componentes ou de subsistemas; da confiabilidade de cada subsistema; das ligaes entre os subsistemas que podem ser em srie, paralelo ou mistas.

    Confiabilidade de sistemas com ligaes em srie: Com ligaes em srie, o sistema s funcionase todos os subsistemas funcionarem. A confiabilidade para esses sistemas pode ser expressa como:Onde: Rss = R1 x R2 x .....x Rn

    - Rss - confiabilidade de um sistema com ligaes em srie- Rn - confiabilidade do subsistema n - n - nmero de

    subsistemasConfiabilidade de sistemas com ligaes em paralelo - sistemas com ligaes em paralelopossuem mais de um subsistema para realizar a mesma funo, ou seja, o sistema pode continuarfuncionando se um desses subsistemas parar. A confiabilidade pode ser expressa como:

    Rsp = 1 [(1 - R1) x (1 - R1) x .... x (1 - Rn)]Onde:- Rsp - confiabilidade de um sistema com ligaes em paralelo- Rn - confiabilidade do subsistema n- n - nmero de subsistemasConfiabilidade para sistemas com ligaes mistas: esses sistemas apresentam tanto ligaes emsrie como em paralelo. A confiabilidade pode ser expressa como:

    Rsm = Rss x Rsp

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    Onde:- Rsm - confiabilidade de um sistema misto- Rss - confiabilidade dos subsistemas ligados em srie- Rsp - confiabilidade dos subsistemas ligados em paralelo

    2.5 - Homem versus MquinaNo sistema Homem-Mquina, ambos os componentes atuam tanto como processadores de

    dados como controladores do processo, sendo superiores um ao outro em situaes especficas. Parao projeto de um sistema envolvendo homens e mquinas, caber ao projetista decidir que funessero alocadas s mquinas e quais as que ficaro a cargo do operador humano. Em funo dissotorna-se importante conhecer as caractersticas individuais de cada elemento, procurando identificarsuas vantagens e desvantagens.

    2.5.1 - O homem se distingue por:a. ter capacidade de decidir, julgando e resolvendo situaes imprevistas;b. ser capaz de resolver situaes no codificadas, isto , no se restringe ao previsvel;c. no requer programao, desenvolvendo seus prprios programas, medida que se fazemnecessrios;d. ser sensvel a extensa variedade de estmulos;e. perceber modelos e generalizar a partir destes;f. guardar grande quantidade de informaes por longo perodo e recordar fatos relevantes emmomentos apropriados;g. aplicar originalidade na resoluo de problemas: solues alternativas;h. aproveitar experincias anteriores;i. executar manipulaes delicadas, quando da ocorrncia de eventos inesperadosj. agir mesmo sob sobrecarga;l. raciocinar indutivamente.

    2.5.2 - A mquina se distingue por:a. no estar sujeita fadiga nem a fatores emocionais;b. executar operaes rotineiras, repetitivas ou muito precisas com maior confiabilidade, poispodem ser programadas;c. selecionar muito mais rapidamente as informaes e os dados necessrios;d. memorizar, com exatido, muito maior nmero de dados;e. exercer uma grande quantidade de fora regularmente e com preciso;f. executar computaes complexas rapidamente e com exatido;g. ser sensvel a estmulos alm da faixa de sensibilidade do homem (infravermelho, ondas de rdio,etc.);h. executar simultaneamente diversas atividades;i. ser insensvel a fatores estranhos;

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    j. repetir operaes rpidas, contnuas, e precisamente da mesma maneira, sob longo perodo detempo;l. operar em ambientes hostis ou at mesmo inspitos ao homem.

    Evidentemente a deciso de alocar funes para homens e mquinas no simples, pois amquina ainda no capaz de executar bem certas funes e, alm disso, na empresa deve-seconsiderar sempre o aspecto econmico.

    Nos casos de operaes perigosas em ambientes hostis ao homem, como o excesso de calor,rudos, poeiras, radiaes, gases txicos, perigos de quedas, incndios e exploses, as consideraessobre segurana podem suplantar aquelas puramente econmicas e, ento, a deciso a favor damquina parece ser evidente.

    Em outros casos, pode ser que no hajam razes evidentes para se optar pelo homem oupela mquina, e, ento, pode ser desejvel estabelecer alguns critrios para alocao de funesentre homem e mquina. No existem critrios rgidos ou que sejam vlidos em quaisquercircunstncias. O que existe so recomendaes gerais de caractersticas operacionais em que odesempenho do homem pode ser melhor que o das mquinas e vice-versa. De qualquer forma, essasrecomendaes so vlidas apenas como uma primeira aproximao, para uma definio inicial dopr-projeto do sistema homem-mquina. Na prtica muitas adaptaes podero ser necessrias.

    Como orientao geral pode-se considerar que o homem tem a caracterstica daflexibilidade, mas no se pode esperar dele um desempenho de forma consistente (constante,uniforme) enquanto a mquina tem a caracterstica da consistncia, contudo, sem flexibilidade.

    2.6 Problemas de automaoExiste uma forte tendncia, especialmente entre os projetistas que no tiveram formao em

    ergonomia, de considerar a automao uma coisa boa, que deva ser adotada sem restries, sempreque possvel. Entretanto, foram identificados pelo menos trs problemas que resultam deautomaes indiscriminadas, principalmente na operao de modernas aeronaves.1) A automao no produz resultados imediatos. H uma fase de instalao e ajuste do sistema,

    que pode durar um longo tempo e durante o qual pode haver sobrecarga dos operadores eaumento do risco de acidentes e at o descrdito do sistema.

    2) A automao aumenta as necessidades de treinamento, principalmente quando o sistemamanual subsiste em paralelo e o operador precisa estar habilitado a usar os dois sistemas.

    3) O operador fica menos ativo, e isso pode reduzir o seu nvel de ateno, sendo incapaz de reagircom presteza numa situao de emergncia, quando solicitado a reassumir os controles.Para superar esses problemas, a filosofia de projeto que tem sido adotada modernamente a da

    alocao dinmica, pela qual o prprio operador tem a capacidade de decidir se usa o processoautomtico ou manual. Por exemplo, em aeronaves e navios existem pilotos automticos quepodem ser ligados quando os mesmos atingem a velocidade de cruzeiro, e desligados, passandoao comando manual nas partidas e chegadas. Existem ainda sistemas mais sofisticados, em que ooperador pode passar parte de suas funes para o controle automtico assim que se sentirsobrecarregado. Outros sistemas em desenvolvimento procuram antecipar essa sobrecarga atravs

  • 16

    de alguns sinais biolgicos, como o ritmo cardaco e as ondas cerebrais do piloto para, depois de umcerto limite, a prpria mquina ir assumindo o comando para aliviar a sobrecarga do operador.Pode-se chamar isso de uma alocao dinmica em que o poder de deciso estaria com a mquina, eno com o piloto.

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    ERGONOMIA

    Captulo 3 - BIOMECNICA OCUPACIONAL

    3.1 - IntroduoNo estudo da biomecnica, as leis fsicas da mecnica so aplicadas ao corpo humano.A biomecnica ocupacional estuda as interaes entre o trabalho e o homem sob o ponto de

    vista dos movimentos msculo-esqueletais envolvidos, e as suas conseqncias. Analisabasicamente a questo das posturas corporais no trabalho e a aplicao de foras.

    Muitos produtos e postos de trabalho inadequados provocam tenses musculares, dores efadiga que, em certos casos, podem ser resolvidas com providncias simples, como o aumento ou areduo da altura da mesa ou da cadeira. H situaes em que a soluo no to simples, porenvolver um conflito fundamental entre as necessidades humanas e as necessidades do trabalho.Contudo, muitas vezes possvel encontrar solues de compromisso, que embora no seconfigurem em uma situao ideal de trabalho, pelo menos reduzem as exigncias humanas ao nveltolervel.

    3.2 - O Trabalho MuscularOs msculos so responsveis por todos os movimentos do corpo. So eles que

    transformam a energia qumica armazenada no corpo em contraes musculares, gerando assimmovimentos.

    Os msculos do corpo humano classificam-se em trs tipos: estriados ou esquelticos, lisose do corao. Desses trs tipos, os msculos estriados ou esquelticos so aqueles que esto sobcontrole consciente do homem, e atravs deles que o organismo realiza trabalhos externos.Portanto, apenas o estudo destes de interesse para a ergonomia.

    No interior dos msculos existem inmeros vasos sangneos muito finos, cujos dimetrosso da ordem de grandeza de um glbulo vermelho (0,007 mm), chamados capilares. So atravsdos capilares que o sangue transporta oxignio at os msculos e retira os subprodutos dometabolismo.

    Quando um msculo est contrado, h um aumento de presso interna, o que provoca umestrangulamento dos capilares. Se esta contrao atingir 60% da contrao mxima do msculo osangue deixa de circular nos mesmos. Se a contrao ficar entre 15 e 20% da contrao mxima, osangue circula normalmente.

    Um msculo sem circulao sangnea se fadiga rapidamente, no sendo possvel mant-locontrado por mais de 1 ou 2 minutos. Se ao invs de manter o msculo contrado, ele for contradoe relaxado alternadamente, o prprio msculo funciona como uma bomba sangnea, ativando acirculao nos capilares, fazendo com que o volume de sangue em circulao aumente em at 20vezes, em relao situao de repouso. Isso significa dizer que o msculo passa a receber maisoxignio, aumentando a sua resistncia contra a fadiga.

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    Essas duas formas diferentes de solicitao muscular (contrao contnua e contraoalternada) so utilizadas para classificar o trabalho muscular em duas formas distintas:a) trabalho muscular esttico: aquele que exige contrao contnua de alguns msculos, paramanter uma determinada posio. Ocorre, por exemplo, com os msculos dorsais e das pernas paramanter a posio de p, msculos dos ombros e do pescoo para manter a cabea inclinada parafrente, msculos da mo esquerda segurando a pea para martelar com a mo direita, entre outros.O trabalho esttico altamente fatigante e, sempre que possvel, deve ser evitado. Quando isso nofor possvel, pode ser aliviado, permitindo mudanas de posturas, melhorando o posicionamento depeas e ferramentas ou providenciando apoios para partes do corpo com o objetivo de reduzir ascontraes estticas dos msculos. Tambm devem ser concedidas pausas de curta durao, mascom elevada freqncia, para permitir relaxamento muscular e alvio da fadiga.b) trabalho muscular dinmico: aquele que permite contraes e relaxamentos alternados dosmsculos, como na tarefa de martelar, serrar, girar um volante ou caminhar.

    Figura 2.1 - O msculo opera em condies desfavorveis de irrigao sangneadurante o trabalho esttico, com a demanda superando o suprimento, enquanto h equilbrio entre ademanda e o suprimento durante o repouso e o trabalho dinmico.

    3.3 - PosturasPosturas e movimentos tm grande importncia na ergonomia. Tanto no trabalho como na

    vida cotidiana, eles so determinados pelas tarefas e pelo posto de trabalho.Para assumir uma postura ou realizar um movimento, so acionados diversos msculos,

    ligamentos e articulaes do corpo. Os msculos fornecem a fora necessria para o corpo adotaruma postura ou realizar um movimento. Os ligamentos desempenham uma funo auxiliar. Asarticulaes permitem os deslocamentos de partes do corpo em relao as outras.

    Posturas ou movimentos inadequados produzem tenses mecnicas nos msculos,ligamentos e articulaes, resultando em dores no pescoo, costas, ombros, punhos e outras partesdo sistema msculo-esqueltico.

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    Alguns movimentos alm de produzirem tenses mecnicas nos msculos e articulaes,apresentam um gasto energtico que exige muito dos msculos, corao e pulmes.

    3.3.1 - Posturas do CorpoTrabalhando ou repousando, o corpo assume trs posies bsicas: deitada, sentada e de p.

    Em cada uma dessas posturas esto envolvidos esforos musculares para manter a posio relativade partes do corpo, que se distribuem da seguinte forma:a) posio deitada: na posio deitada no h concentrao de tenso em nenhuma parte do corpo.O sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar os resduos dometabolismo e as toxinas dos msculos, provocadores da fadiga. O consumo energtico assume ovalor mnimo, aproximando-se do metabolismo basal. a posio mais recomendada para repousoe recuperao da fadiga.b) posio sentada: a posio sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para manteresta posio. Praticamente todo o peso do corpo suportado pela pele que cobre o osso squio, nasndegas. O consumo de energia de 3 a 10% maior em relao posio horizontal. A posturaligeiramente inclinada para frente mais natural e menos fatigante que aquela ereta. O assentodeve permitir mudanas freqentes de postura, para retardar o aparecimento da fadiga.c) posio de p: a posio parada, em p, altamente fatigante porque exige muito trabalhoesttico da musculatura envolvida para manter essa posio. O corao encontra maioresresistncias para bombear sangue para os extremos do corpo. As pessoas que executam trabalhosdinmicos em p, geralmente apresentam menos fadiga que aquelas que permanecem estticas oucom pouca movimentao.

    A posio sentada, em relao posio de p, apresenta ainda a vantagem de liberar osbraos e ps para tarefas produtivas, permitindo grande mobilidade desses membros e, alm disso,tem um ponto de referncia relativamente fixo no assento. Na posio em p, alm da dificuldadede usar os prprios ps para o trabalho, freqentemente necessita-se do apoio das mos e braospara manter a postura e fica mais difcil manter um ponto de referncia.

    Muitas vezes, projetos inadequados de mquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigamo trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas por um longo perodo de tempo,podem provocar fortes dores localizadas naquele conjunto de msculos solicitados na conservaodessas posturas, conforme pode ser visto na tabela abaixo.

    Tabela 2.1 (IIDA) - Localizao das dores no corpo, provocadas por posturasinadequadas.

    Postura Risco de doresEm p Ps e pernas (varizes)Sentado sem encosto Msculos extensores do dorsoAssento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e psAssento muito baixo Dorso e pescooBraos esticados Ombros e braosPegas inadequadas em ferramentas Antebraos

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    d) inclinao da cabea para frente: muitas vezes necessrio inclinar a cabea para frente parase ter uma melhor viso, como nos casos de pequenas montagens, inspeo de peas com pequenosdefeitos ou leitura difcil. Essas necessidades geralmente ocorrem quando: o assento muito alto; amesa muito baixa; a cadeira est longe do trabalho que deve ser fixado visualmente; h umanecessidade especfica, como no caso do microscpio. Essa postura provoca fadiga rpida nosmsculos do pescoo e do ombro, devido, principalmente, ao momento (no sentido da Fsica)provocado pela cabea, que tem um peso relativamente elevado (4 a 5 kgf).

    As dores no pescoo comeam a aparecer quando a inclinao da cabea, em relao vertical, for maior que 30 (ver fig. 2.2, IIDA). Nesse caso, deve-se tomar providncias pararestabelecer a postura vertical da cabea, de preferncia com at 20 de inclinao, fazendo-seajustes na altura da cadeira, mesa ou localizao da pea. Se isso no for possvel, o trabalho deveser programado de modo que a cabea seja inclinada durante o menor tempo possvel e sejaintercalado com pausas para relaxamento, com a cabea voltando a sua posio vertical.

    Figura 2.2 - Tempos mdios para aparecimento de dores no pescoo, de acordo com ainclinao da cabea para frente (IDA, 1990).

    3.3.2 - Registro da posturaNa prtica durante uma jornada de trabalho, um trabalhador pode assumir centenas de

    posturas diferentes. Em cada tipo de postura, um diferente conjunto da musculatura acionado.Muitas vezes, no comando de uma mquina, por exemplo, pode haver mudanas rpidas de umapostura para outra. Entre as maiores dificuldades em analisar e corrigir ms posturas no trabalhoest a identificao e registro das mesmas. Uma simples observao visual no suficiente para seanalisar essas posturas detalhadamente. A descrio verbal no prtica, pois torna-se muitoprolixa e de difcil anlise. Tcnicas fotogrficas tambm so falhas, porque fazem apenas registrosinstantneos sem dar informao da durao da postura e das foras envolvidas. Por esse motivo,foram desenvolvidas tcnicas para registro e anlise de postura.a) OWAS - Ovako Working Posture Analysing System: um sistema prtico de registro deposturas proposto por trs pesquisadores finlandeses (Karhu, Kansi e Kuorinka, 1977), quetrabalhavam em uma indstria siderrgica. Atravs de anlises fotogrficas das principais posturasencontradas na indstria pesada, encontraram 72 posturas tpicas, que resultaram de diferentes

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    combinaes das posies do dorso (4 posies tpicas), braos (3 posies tpicas) e pernas (7posies tpicas). Foi feita uma avaliao das diversas posturas quanto ao desconforto. Para isso foiusado um manequim que podia ser colocado nas diversas posturas estudadas. Um grupo de 32trabalhadores experientes fazia avaliaes quanto ao desconforto de cada postura. Com base nasavaliaes as posturas foram classificadas nas seguintes categorias: Classe 1 - postura normal, que dispensa cuidados, a no ser em casos excepcionais;Classe 2 - postura que deve ser verificada durante a prxima reviso rotineira;Classe 3 - postura que deve merecer ateno a curto prazo;Classe 4 - postura que deve merecer ateno imediata.

    A figura 2.3 mostra as posturas tpicas do dorso, braos e pernas e um exemplo de comocodificar uma postura pelo sistema OWAS.

    Figura 2.3 - Sistema OWAS para o registro da postura, cada postura descrita por umcdigo de trs dgitos, representando posies do dorso, braos e pernas, respectivamente.

    b) Diagrama de Corlett e Manenica (1980): este diagrama divide o corpo humano em diversossegmentos e com isso facilita a localizao de reas dolorosas aps uma jornada de trabalho. Odiagrama est mostrado na figura 2.4:

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    Fig. 2.4 - Diagrama para indicar partes do corpo onde se localizam as dores provocadas porproblemas de postura (Corlett e Manenica, 1980) - retirado do Itiro Iida.

    Tendo-se em mos o diagrama adota-se o seguinte procedimento:10) Ao final de um perodo de trabalho, entrevista-se os trabalhadores pedindo para apontarem asregies onde sentem dores;20) A seguir pede-se para os mesmos avaliarem o grau de desconforto que sentem em cada um dossegmentos indicados no diagrama. O ndice de desconforto classificado em 8 nveis: nvel 0para extremamente confortvel; nvel 7 para extremamente desconfortvel.30) Identificar mquinas, equipamentos e locais de trabalho que apresentam maior gravidade, ouseja, acima do terceiro nvel e que merecem ateno imediata.40) Dirigir os esforos para os pontos prioritrios.

    3.3.3 - Recomendaes para melhorar as tarefas e os postos de trabalho

    a) As articulaes devem ocupar uma posio neutraPara manter uma postura ou realizar um movimento, as articulaes devem ser

    conservadas, tanto quanto possvel, na sua posio neutra. Nesta posio, os msculos e ligamentosque se estendem entre as articulaes so esticados o menos possvel, ou seja, so tensionados aomnimo. Alm disso, os msculos so capazes de liberar a fora mxima, quando as articulaesesto na posio neutra. Exemplos de ms posturas, onde as articulaes no esto em posioneutra: braos erguidos, perna levantada, cabea abaixada e tronco inclinado.b) Conserve pesos prximos ao corpo

    Quanto mais o peso estiver afastado do corpo, mais os braos sero tensionados e o corpopender para frente. Ao afastar-se a carga do corpo, aumenta-se o brao de alavanca e, emconseqncia, o momento realizado por essa carga sobre o corpo. Isso alm de solicitar mais asarticulaes, aumenta as tenses sobre elas e os msculos e ainda desestabiliza o corpo.c) Evite curvar-se para frente

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    A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa 40 kgf, em mdia. Quandoo tronco pende para frente, h contrao dos msculos e dos ligamentos das costas para manter essaposio. A tenso maior na parte inferior do tronco, onde surgem dores.d) Evite inclinar a cabea

    No se deve esquecer que a cabea de um adulto pesa de 4 a 5 kgf.

    e) Evite tores do troncoPosturas torcidas do tronco causam tenses indesejveis nas vrtebras. Os discos elsticos

    que existem entre as vrtebras so tensionados, e as articulaes e msculos que existem nos doislados da coluna vertebral so submetidos a cargas assimtricas, que so prejudiciais.d) Evite movimentos bruscos que produzem picos de tenso

    Movimentos bruscos podem produzir alta tenso, de curta durao. Esse pico de tensoresulta da acelerao do movimento. O levantamento de fora deve ser feito gradualmente. necessrio pr-aquecer a musculatura antes de fazer uma grande fora. Os movimentos devem terum ritmo suave e contnuo.e) Alterne posturas e movimentos

    Nenhuma postura ou movimento repetitivo deve ser mantido por um longo perodo.Posturas prolongadas e movimentos repetitivos so muito desgastantes, provocam fadiga muscularlocalizada, gerando desconforto e queda do desempenho.f) Restrinja a durao do esforo muscular contnuo

    Quanto maior o esforo muscular, menor se torna o tempo suportvel. A maioria daspessoas no consegue manter o esforo muscular mximo alm de alguns segundos. Com 50% doesforo muscular mximo, o tempo suportvel de aproximadamente dois minutos.g) Previna a exausto muscular

    A exausto muscular deve ser evitada porque, se isso ocorrer, h uma demora de vriosminutos para a recuperao.h) Pausas curtas e freqentes so melhores

    A fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribudas ao longo dajornada de trabalho. Isso melhor que as pausas longas concedidas ao final da tarefa ou ao fim dajornada.

    3.4 - MovimentosAs foras humanas so resultados de contraes musculares. Algumas foras dependem de

    apenas alguns msculos, enquanto outras exigem uma contrao coordenada de diversos msculos,principalmente se envolver combinaes complexas de movimentos, como trao e rotaosimultneas.

    Caractersticas dos movimentosPara fazer um determinado movimento, diversas combinaes de contraes musculares

    podem ser utilizadas, cada uma delas tendo diferentes caractersticas de velocidade, preciso e

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    movimento. Portanto, conforme a combinao de msculos que participem de um movimento, estepode ter caractersticas e custos energticos diferentes. Um operador experiente se fadiga menosporque aprende a usar aquela combinao mais eficiente em cada caso, economizando as suasenergias.- Fora - Para grandes esforos deve-se usar, de preferncia, a musculatura das pernas, que somais resistentes. Alm disso, sempre se deve usar a gravidade e a quantidade de movimento (massax velocidade) a seu favor. Por exemplo, para suspender um peso de uma altura para outra, prefervel usar uma roldana e exercer a fora para baixo, pois assim se estar usando o peso doprprio corpo para ajudar a suspender.- Preciso - os movimentos de maior preciso so realizados com a ponta dos dedos. Seenvolvermos sucessivamente os movimentos do punho, cotovelo e ombro, aumentaremos a fora,com prejuzo da preciso. Isso pode ser observado em operaes manuais altamente repetitivas.Quando os dedos fatigam-se, h uma tendncia de substitu-los pelos movimentos do punho,cotovelo e ombros, com progressiva perda da preciso.- Ritmo - os movimentos devem ser suaves, curvos e rtmicos. Aceleraes ou desaceleraesbruscas, ou rpidas mudanas de direo so fatigantes, porque exigem maiores contraesmusculares.Movimentos retos - o corpo, sendo constitudo de alavancas que se movem em torno dearticulaes, tem uma tendncia natural para executar movimentos curvos. Portanto, osmovimentos retos so mais difceis e imprecisos, pois exigem uma complexa integrao demovimentos de diversas juntas.Terminaes - os movimentos que exigem posicionamento precisos, com acompanhamento visual,so difceis e demorados. Sempre que possvel esses movimentos devem ser terminados com umposicionamento mecnico, como no caso da mo batendo contra um anteparo, ou botes e alavancasque tm posies discretas de paradas.

    3.5 - Levantamento e transporte de cargasO manuseio de cargas pesadas tem sido uma das mais freqentes causas de trauma dos

    trabalhadores. necessrio conhecer a capacidade humana mxima para levantar e transportar cargas, para

    que as tarefas e as mquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites.H duas situaes a considerar no levantamento de cargas. A primeira est relacionada com

    a capacidade muscular para levantar a carga. A segunda com a capacidade energtica dotrabalhador e a fadiga fsica, fatores influenciados pela durao do trabalho.

    Para isso deve-se analisar:- Resistncia da coluna: a musculatura das costas a que mais sofre com o levantamento depesos. A coluna vertebral composta de discos superpostos, fazendo com que tenha poucaresistncia a foras que no tenham a direo do seu eixo. Portanto a carga sobre a coluna vertebraldeve atuar no sentido vertical.

  • 25

    - Capacidade de carga: a determinao da capacidade vertical de carga repetitiva feita daseguinte forma:1o) determina-se a mxima carga que uma pessoa consegue levantar, flexionando as pernas emantendo o dorso reto, na vertical. Isso conhecido como capacidade de carga isomtrica dascostas;2o) determina-se a carga recomendada para movimentos repetitivos que de 50% do valor da cargaisomtrica mxima.

    Observaes:- A capacidade de carga varia consideravelmente conforme se usem as musculaturas das pernas,braos ou dorso.- As mulheres possuem aproximadamente metade da fora dos homens para o levantamento depesos- A capacidade de carga influenciada ainda: pela posio da carga em relao ao corpo;dimenses da carga; facilidade de manuseio.

    3.5.1 - Recomendaes Para o Levantamento de CargasRestrinja o nmero de tarefas que envolvam a carga manualOs sistemas de produo devem ser projetados para uso de equipamentos mecnicos, a fim de evitaro trabalho manual de levantamento de pesos. Porm, na especificao desses equipamentos deve-setomar os seguintes cuidados:- Com os problemas de postura e movimento impostos por esse tipo de equipamento;- O processo de mecanizao pode criar problemas como rudos, vibraes, monotonia e reduo

    dos contatos sociais.

    Crie condies favorveis para o levantamento de pesosSe o levantamento manual de pesos (at 23 Kg) for inevitvel, necessrio criar condiesfavorveis para essa tarefa, tais como:- Manter a carga prxima do corpo (distncia horizontal entre a mo e o tornozelo de cerca de 25

    cm);- A carga deve estar sobre uma bancada de 75 cm de altura, aproximadamente, antes de comear

    o levantamento;- Deve ser possvel levantar o peso com as duas mos;- A carga deve ser provida de alas ou furos para encaixe dos dedos;- Deve possibilitar a escolha da postura para o levantamento;- O tronco no deve ficar torcido durante o levantamento;- A freqncia do levantamento no deve ser superior a um por minuto;- A durao do levantamento no deve ser maior que uma hora, e deve ser seguida de um perodo

    de descanso (ou tarefas mais leves) de 120 por cento da durao da tarefa de levantamento.

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    Limite o levantamento de peso para 23 Kg no mximoSomente se satisfeitas as condies acima descritas, uma pessoa pode levantar 23 Kg. Nos casosprticos, quando no existem todas essas condies, o limite deve ser reduzido de acordo com aEquao de NIOSH.

    Use a Equao de NIOSH para estimar a carga mximaO National Institute for Occupacional Safety and Health (Estados Unidos) patrocinou odesenvolvimento de um critrio para o levantamento manual de cargas. Este Instituto estabelecepara uma situao qualquer de trabalho manual de levantamento de cargas, um Limite de PesoRecomendado (LPR). O LPR representa, para a situao de trabalho sob anlise, o valor de pesoque mais de 90% dos homens e mais de 75% das mulheres conseguem levantar sem leso. Uma vezcalculado o LPR deve-se compar-lo com o valor real da carga a ser erguida. Essa comparao feita atravs do ndice de Levantamento obtido pela diviso da carga a ser erguida pelo valor doLPR. Se o valor de IL calculado for menor que a unidade tem-se um baixo risco de ocorrer leses,estando o trabalhador em uma condio segura. Para IL acima da unidade, aumenta-se a propensode acidentes, e acima de 2,0 essa probabilidade crescente.Resumindo:IL = P P Carga a ser erguida LPR LPR - Limite de Peso RecomendadoSe IL < 1 - Baixo risco de ocorrer leses, condio segura;Para IL 1 - A partir desse valor a condio de levantamento de carga deixa-se de ser segura comaumento crescente do risco de leses a medida que aumenta o valor de IL.

    Escolha um valor adequado para a carga unitriaO valor da carga unitria deve ser escolhido cuidadosamente. No deve superar o valor encontradopela Equao de NIOSH, mas tambm no deve ser muito leve, pois estimularia o carregador apegar diversas embalagens, simultaneamente, e assim superar o valor permitido. Alm disso, sopreferveis cargas unitrias maiores com menores freqncias, do que cargas menores e maisfreqentes, desde que no superem os valores calculados pela equao de NIOSH.

    Os objetos devem ter alas para as mosOs objetos a serem carregados devem ter duas alas ou furos laterais para o encaixe dos dedos. Acarga deve ser segura com as duas mos. O agarramento deve ser feito com a palma das mos. Aspegas devem ser arredondadas (sem ngulos cortantes) e posicionadas de modo a evitar que ascargas girem quando forem erguidas.

    A carga deve ter uma forma corretaO tamanho da carga deve ser pequeno o suficiente para que possa ser mantida junto ao corpo. Ovolume no deve ter protuberncias ou cantos cortantes nem deve ser muito quente ou frio, a pontode dificultar o contato.

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    No caso de cargas especiais, como gases e lquidos perigosos, necessrio planejar a operao etomar cuidados especiais com a segurana. Quando a carga desconhecida para a pessoa que vaicarreg-la, necessrio colocar uma etiqueta, informando o peso e os cuidados necessrios para amanipulao da mesma.

    Use tcnicas corretas para o levantamento de pesos- Mantenha a coluna reta;- Use preferencialmente a musculatura das pernas;- Mantenha a carga o mais prximo possvel do corpo;- Procure manter cargas simtricas, usando as duas mos;- A carga deve estar a 40 cm do piso. Se estiver abaixo o levantamento deve ser feito em

    duas etapas: primeiro coloque-a em uma plataforma; depois erga em definitivo;- Antes de levantar um peso remova todos os obstculos que possam atrapalhar o

    movimento.

    3.5.2 - Equao de NIOSH - National Institute of Occupational Safety and HealthPara este instituto, se o levantamento manual de pesos (at 23 kgf) for inevitvel,

    necessrio criar condies favorveis para essa tarefa seja realizada. As condies recomendadasso:- manter a carga prxima do corpo (distncia horizontal entre a mo e o tornozelo de cerca de 25cm);- o deslocamento vertical do peso no deve exceder 25 cm;- deve ser possvel segurar o peso com as duas mos;- a carga deve ser provida de alas ou furos para encaixe dos dedos;- deve possibilitar a escolha da postura para o levantamento;- a freqncia do levantamento no deve ser superior a um levantamento por minuto;- a durao da atividade de levantamento no deve ser maior que uma hora, e deve ser seguida deum perodo de descanso (ou tarefas mais leves) de 120 por cento da durao da tarefa delevantamento.

    Somente nas condies acima descritas, uma pessoa pode levantar 23 kgf. Nos casosprticos, quando no existem todas essas condies, o limite deve ser reduzido.

    O instituto NIOSH desenvolveu uma equao para determinar a carga mxima emcondies desfavorveis.

    Essa equao considera seis variveis:- dificuldade de manuseio (M);- distncia horizontal entre a carga e o corpo (H) (referncia do corpo linha do tornozelo);- distncia vertical da carga ao piso (V);- freqncia do levantamento (F);- deslocamento vertical da carga (D);- rotao do tronco (A).

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    A figura 2.5 mostra a referncia para a determinao dos fatores H, V, D e A.

    Figura 2.5 Medidas utilizadas na determinao dos fatores corretores da Equao de NIOSHEla supe que o trabalhador pode escolher a prpria postura e que a carga segura com as

    duas mos. Assim, a carga mxima de 23 kgf multiplicada por seis coeficientes, que representamas variveis acima:

    Carga mxima = 23 kgf x CM x CH x CV x CF x CD x CACM fator corretor da carga devido dificuldade de manuseioCH fator corretor em funo da distncia horizontal da carga ao corpoCV fator corretor em funo da distncia vertical da carga ao pisoCF fator corretor da carga em funo da freqncia do levantamentoCD fator corretor da carga para o deslocamentoCA fator corretor relacionado com a rotao do troncoOs valores para os coeficientes podem ser obtidos atravs dos grficos e tabela a seguir.

  • 29

    Figura 2.6 Grficos para determinao dos coeficientes CD e CA

  • 30

    Figura 2.7 Grficos para determinao dos coeficientes CH e CV

    Tabela 2.2 - Valores do fator Freqncia de LevantamentoAt 8 hs At 2 hs At 1 hFreqncia de

    Levantamento(vezes/minuto)

    Vc

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    13 0 0 0 0 0 0,3414 0 0 0 0 0 0,3115 0 0 0 0 0 0,2816 0 0 0 0 0 0

    Figura 2.8 Grficos para determinao dos coeficientes CF em funo de V(para valores de V 75 cm e V< 75 cm

    Pode-se concluir a partir da equao, dos grficos e da tabela 2.2 que nas situaescomuns de trabalho, o peso que pode ser levantado muito menor que 23 Kg. Observa-se que parase obter 23 Kg, todos os 6 multiplicadores tm que ser iguais a 1,0. Em funo disso s pode seafirmar que somente uma pessoa pode levantar at 23 Kg quando a carga estiver prxima do corpo,quando for pega a uma altura de 75 cm, quando for elevada apenas 30 cm entre a sua origem e o seudestino, quando a qualidade da pega for boa, quando for pega simetricamente e quando afreqncia de levantamento for menor que uma vez a cada 5 minutos. Se qualquer um dos seisfatores citados for diferente da unidade ento o limite de peso recomendado no ser mais de 23 Kg,mas bem menor.

    Quanto mais desfavorveis forem essas condies, os valores desses coeficientes seafastaro do valor 1,0 tendendo a zero. O valor de CV cresce at a altura de 75 cm, porque esta aposio mais conveniente para comear a levantar cargas.

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    3.5.3 - Recomendaes Para o Transporte de CargasDurante o transporte a coluna vertebral deve ser mantida o mximo possvel da vertical.Recomenda-se os seguintes procedimentos:

    a) Manter a carga na vertical. O centro de gravidade da carga deve passar o mais prximo possvelpelo eixo longitudinal (vertical) do corpo.b) Manter a carga prxima do corpo;c) Usar cargas simtricas;d) Usar meios auxiliares para o transporte;e) Trabalhar em equipe.

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    ERGONOMIA

    Captulo 4 - ANTROPOMETRIA

    4.1 - IntroduoA antropometria o estudo das medidas do corpo humano. As medidas humanas so

    importantes na determinao dos aspectos relacionados ao ambiente de trabalho e sua influncia nodesempenho de atividades. O problema prtico com o qual a antropometria mais se defrontaest relacionado s diferentes dimenses das pessoas.

    As medidas das pessoas dependem de uma srie de fatores:a) Tempo: Em funo do desenvolvimento das populaes verifica-se atravs de levantamentos queh um crescimento das medidas da populao com o tempo. Essas mudanas podem serocasionadas por:

    - alteraes nos hbitos alimentares;- alteraes nas condies de sade;- prtica de esportes.J se observou crescimento de at 8 cm na estatura mdia dos homens em apenas uma

    dcada.b) Idade: Durante as diversas fases da vida, o corpo das pessoas sofre mudanas de forma epropores. O crescimento estabiliza para as mulheres aos 18 anos e para os homens aos 20 anos.Aps os 35 anos, as medidas de comprimento tendem a diminuir e propores tais como entre acabea e o corpo mudam. Essas mudanas resultam dos seguintes aspectos:- Cada parte do corpo tem uma velocidade diferente de crescimento;- As diferenas entre as velocidades de crescimento fazem com que as propores entre as diversaspartes do corpo sejam diferentes;- H diferenas individuais pronunciadas nas taxas anuais de crescimento, ou seja, algumas pessoascrescem mais rapidamente do que outras. Nem sempre as pessoas que crescem mais rapidamenteatingem uma estatura final maior;- Devido ao processo de envelhecimento, que se inicia de forma pronunciada a partir dos 50 anos,o organismo vai perdendo gradativamente sua capacidade funcional e a estatura comea a declinar.Os homens perdem 3 cm at os 80 anos e as mulheres 2,5 cm.c) Sexo: Homens e mulheres apresentam diferenas antropomtricas no apenas em dimenses, mastambm em propores. Levantamentos estatsticos mostram que os homens de maior estatura so25% mais altos que as mulheres de menor estatura. As mulheres com a mesma estatura dos homenscostumam ser mais gordas.d) Etnias: Diversos estudos antropomtricos realizados durante vrias dcadas comprovam ainfluncia da etnia nas medidas antropomtricas.e) Alimentao: o crescimento da populao mais acentuado quando povos subalimentadospassam a consumir maior quantidade de protenas.f) Clima: habitantes de regies com clima quente em geral possuem o corpo mais fino e membrossuperiores e inferiores mais longos; habitantes de regies de clima frio, tm corpo mais cheio, mais

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    volumoso e arredondado. Em outras palavras os povos de clima quente tm corpo onde predomina adimenso linear, enquanto os de clima frio tendem para formas esfricas;

    4.2 - Padres Internacionais de medidas antropomtricasAt bem pouco tempo existia a preocupao em estabelecer padres de medidas nacionais.

    Com a internacionalizao da economia esta tendncia mudou e passou-se a raciocinar em umuniverso mais amplo. Hoje na produo de produtos deve-se considerar que os mesmos podem serutilizados em 50 pases diferentes, o que envolve diferenas tnicas, culturais e sociais.

    Em funo disso, atualmente h a preocupao do estabelecimento de padres mundiais demedidas. Entretanto, com essa abrangncia, no existem medidas antropomtricas confiveis. Amaioria das medidas disponveis de militares, e apresentam as seguintes limitaes:- envolvem somente medidas de homens;- so medidas para uma faixa etria entre 18 e 30 anos;- critrios utilizados na seleo militar (altura, peso, etc.).

    4.3 - Realizao das medidas antropomtricasSempre que possvel e economicamente justificvel, as medidas devem ser realizadas

    diretamente tomando-se uma amostra significativa das pessoas que sero usurias e consumidorasdo objeto a ser projetado. Ex: no projeto de carteiras escolares as pesquisas deveriam ser realizadascom estudantes; no dimensionamento de cabinas de nibus as pesquisas deveriam envolver osmotoristas de nibus.

    A execuo das medidas compreende:- definio dos objetivos; - definio das medidas;- escolha dos mtodos de medida; - seleo da amostra;- execuo das medies; - apresentao e anlise dos resultados.

    4.3.1 - Definio dos objetivosA definio dos objetivos visa determinar onde e para qu sero utilizadas as medidas

    antropomtricas. A partir da definio dos objetivos das medidas, outras decises sero tomadas eque vo influir no modo como sero feitas as medidas. So decises tais como:- uso de antropometria esttica, dinmica ou funcional;- variveis a serem medidas;- detalhamento ou preciso com que essas medidas sero realizadas.

    Antropometria esttica: aquela que se refere ao corpo parado ou com poucos movimentos; aplicada a objetos sem partes mveis ou com pouco movimento;Antropometria dinmica: mede os alcances dos movimentos; os movimentos de cada uma daspartes do corpo so medidos mantendo-se o resto do corpo esttico;Antropometria funcional: na prtica observa-se que cada parte do corpo no se moveisoladamente, mas h uma conjugao de diversos movimentos para executar uma dada funo. A

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    antropometria funcional baseia-se em medidas obtidas pela observao do corpo como um todoexecutando tarefas especficas.

    4.3.2 - Definio das medidasA definio das medidas envolve a descrio dos dois pontos entre os quais estas sero

    tomadas. Uma descrio mais detalhada deve conter:- a postura do corpo; - os instrumentos antropomtricos a serem utilizados;- tcnica de medida a ser utilizada; - outras condies (com roupa, sem roupa, calado, etc).

    Em geral, cada medida a ser efetuada deve especificar claramente a sua localizao, direoe postura, conforme indicado a seguir:localizao: indica o ponto do corpo que medido a partir de uma outra referncia (piso, assento,superfcie vertical ou outro ponto do corpo);direo: indica, por exemplo, se o comprimento do brao medido na horizontal, vertical ou outraposio;postura: indica a posio do corpo (sentado, de p ereto, relaxado).Exemplo de definio precisa de uma medida antropomtrica:

    - Medida do comprimento ombro-cotovelo: medir a distncia vertical entre o ombro,acima da articulao do mero com a escpula, at a parte inferior do cotovelo direito, usando umantropmetro, com a pessoa sentada com o brao pendendo ao lado do corpo e o antebraoestendendo-se horizontalmente.

    4.3.3 - Escolha dos mtodos de medidaOs mtodos antropomtricos de medidas classificam-se em diretos e indiretos.

    Mtodos diretos: envolvem leituras com instrumentos que entram em contato fsico com oorganismo. So os casos de rguas, trenas, fitas mtricas, esquadros, paqumetros, transferidores,balanas, dinammetros e outros instrumentos semelhantes.Mtodos indiretos: geralmente envolvem fotos do corpo ou partes dele contra uma malhaquadriculada. Uma variante dessa tcnica a de traar o contorno da sombra projetada sobre umanteparo transparente ou translcido.

    4.3.4 - Seleo da amostraA amostra de sujeitos a serem medidos, deve ser representativa do universo onde sero

    apresentados os resultados. Nessa escolha devem ser determinadas:- as caractersticas biolgicas ou inatas (sexo, bitipo e deficincias fsicas);- as caractersticas adquiridas pelo treinamento ou pela experincia no trabalho (profisso, esportes,nvel de renda e outros).

    O tamanho da amostra (quantidade de sujeitos a serem medidos) varia de acordo com avariabilidade da medida e da preciso que se deseja, e pode ser calculado estatisticamente. Asmedidas adotadas pelas foras armadas nos EUA, por exemplo, so geralmente baseadas em

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    amostras de 3 a 5 mil sujeitos. Entretanto para a maioria das aplicaes em ergonomia, em que nose exigem graus de confiana superiores a 90 ou 95%, amostras de 30 a 50 sujeitos so suficientes.

    4.3.5 - MediesPara realizar as medidas torna-se conveniente:

    - elaborar um roteiro para a tomada de medidas;- confeccionar formulrios e desenhos apropriados para suas anotaes;- realizar um treinamento prvio das pessoas que executaro as medidas, que compreenda:

    conhecimentos bsicos de anatomia humana; reconhecimento de postura; identificao dos pontos de medida; uso correto de instrumentos de

    medida; realizao de um teste piloto.O treinamento aplica-se principalmente para grandes amostras, onde muitos medidores

    estaro envolvidos durante meses de trabalho.

    4.3.6 Apresentao e anlise dos resultadosGeralmente os dados antropomtricos para uso do projetista so apresentados na

    forma grfica ou na forma tabular. As tabelas costumam classificar os dados de acordo com o sexoe por percentis.

    Percentis indicam a porcentagem de indivduos da populao que possuem uma medidaantropomtrica de um certo tamanho ou menor que este. A utilizao de percentis uma forma dedividir uma distribuio normal desde o valor mnimo at o mximo, segundo uma seqnciaordenada. Os percentis extremos, sejam mximos ou mnimos, apresentam pequena probabilidadede incidncia. Exemplo: O percentil 5 significa que 5% das pessoas do levantamentoantropomtrico considerado tm medidas inferiores ou iguais s deste percentil, e que o restante(95% das pessoas) tm medidas superiores as deste percentil.

    Ao trabalhar com percentis deve-se considerar que:- os percentis antropomtricos, relacionados a uma medida, referem-se somente a ela;- no existe o indivduo cujas medidas pertenam a um nico percentil.

    Em outras palavras, um indivduo que tenha a estatura no percentil 50, pode apresentar aaltura do joelho no percentil 40 e o valor para o comprimento da mo no percentil 60.

    As medidas antropomtricas geralmente seguem uma distribuio normal ou de Gauss. Estadistribuio representada por dois parmetros: a mdia e o desvio padro. Tendo-se o desviopadro da distribuio pode-se calcular o intervalo de confiana para os percentis desejados, multiplicando-os pelos seguintescoeficientes:Tabela 4.1 - Coeficientes para clculo do intervalo de confiana dos percentis desejados (NETO,1977) PERCENTIS COEFICIENTE

    10,0 - 90,0 1,2825,0 - 95,0 1,6452,5 - 97,5 1,9601,0 - 99,0 2,3260,5 - 99,5 2,576

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    Exemplo: Considerando uma estatura mdia da populao de 169,7 cm e desvio padro de 7,5 cm,qual o intervalo de medidas para a populao para os percentis de 5% e 95%?- Hm = 169,7 cm- Altura para o percentil de 5% H5%= 169,7 - 7,5 x 1,645= 157,4 cm- Altura para o percentil de 95% H95%= 169,7 + 7,5 x 1,645= 182 cm- Concluso: o universo do qual a amostra foi retirada, h uma possibilidade de 5% da populao terestatura abaixo de 157,4 cm e de 5% acima de 182 cm. Em outras palavras, 90% da populaopossui altura entre 157,4 cm e 182 cm.

    4.4 - Uso de dados antropomtricosNaturalmente mais rpido e mais econmico usar dados antropomtricos j disponveis na

    bibliografia, do que fazer levantamentos antropomtricos prprios. Mas antes de se utilizar este tipode soluo, deve-se verificar certos fatores que influem nos resultados das medidas, tais como:a) o pas onde foram tomadas as medidas h diferenas tnicas das medidas antropomtricas,principalmente nas propores dos diferentes segmentos corporais;b) tipo de atividade exercida pelas pessoas que foram medidas deve-se tomar cuidado quandoas medidas se referem s foras armadas, devido ao critrio de seleo e a faixa etria desseselementos, que os diferenciam da populao em geral:c) faixa etria as medidas variam continuamente com a idade;d) poca as medidas antropomtricas dos povos evoluem com o tempo;e) condies especiais referem-se s condies em que as medidas foram tomadas, se vestidas,nuas, seminuas, com sapatos, descalas e assim por diante.

    4.5 - Princpios para aplicao dos dados antropomtricosAs medidas antropomtricas geralmente so representadas pela mdia e desvio padro. A mdiacorresponde simplesmente mdia aritmtica dessas medidas encontradas numa certa amostra depessoas. O desvio padro representa o grau de variabilidade dessa medida dentro da amostraescolhida. Esses parmetros podem ser aplicados ao projeto da seguinte forma:1o Princpio - Projeto para o tipo mdio: existem certos tipos de problemas cujos projetos podemser bem resolvidos, considerando a mdia dos valores antropomtricos observados. Por exemplo,um banco de jardim feito para uma pessoa mdia vai causar menos incmodo para o pblico geral,do que aconteceria para um ano ou um gigante.

    2o Princpio - Projeto para indivduos extremos: existem certas circunstncias nas quaisequipamentos feitos para pessoas mdias no so satisfatrios. Por exemplo, se dimensionssemosuma sada de emergncia para a pessoa mdia, no caso de um acidente, simplesmente 50% napopulao no conseguiria sair. Analogamente, construindo um painel de controle a uma distnciatal que o homem mdio pudesse alcanar convenientemente, se dificultaria o acesso das pessoas

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    abaixo da mdia para operar o painel. Da mesma forma construindo uma escrivaninha embaixo daqual houvesse espao para uma perna mdia, estaramos causando graves incmodos s pessoascom pernas maiores que a mdia, se elas conseguissem sentar.

    Assim, se existir algum fator limitativo no projeto (no sentido de que as pessoas acima ouabaixo de uma dada dimenso no estariam bem acomodadas), deve-se empregar como critrio deprojeto aquele em que consiste em acomodar os casos extremos, o maior ou o menor, dependendodo fator limitativo do equipamento. Como, de um modo geral, no sabemos quais so as dimensesdos usurios, devemos projetar o equipamento para acomodar uma grande porcentagem dapopulao, geralmente 95% dos casos e sabendo de antemo que no servir para as poucas pessoasde um dos extremos.

    Para utilizarmos esse princpio, necessrio saber qual ser a varivel limitadora. Porexemplo, se considerarmos o painel de controle, a varivel limitadora o comprimento de alcancedo brao. Assim, se quisermos englobar 95% da populao, a distncia ao painel no pode ser maiordo que 95% do comprimento dos braos.

    A maioria dos produtos dimensionada para acomodar at 95% da populao, por umaquesto econmica. Acima disso, teramos que aumentar muito o tamanho dos objetos, paraacomodar, relativamente, uma pequena faixa adicional da populao.

    3o Princpio - Projetos para faixas da populao alguns equipamentos podem ter certas medidasajustveis para se acomodar melhor seus usurios. So por exemplo, os casos do assento doautomvel, cadeiras de secretrias, ou cintos com furos. Esses equipamentos normalmente cobrem afaixa de 5 a 95% da populao, porque, em geral, os problemas tcnicos e econmicos envolvidospara abranger 100% da populao, no compensam. Enquadra-se tambm nesse critrio certosprodutos que apresentam tamanhos discretos, como numerao de roupas e calados.

    4o Princpio - Projeto para o indivduo utilizado no caso de produtos projetados especificamentepara um indivduo. o caso de aparelhos ortopdicos, roupas sob medidas ou pessoas que tenham op maior que o tamanho 44 e que precisam encomendar os seus sapatos. Isso proporciona melhoradaptao entre o produto e o seu usurio, mas tambm mais oneroso, do ponto de vista industrial,sendo aplicado s em casos de extrema necessidade, ou quando as conseqncias de uma falhapodem ser to elevadas que as consideraes de custo passam a ser de menor relevncia. Soexemplos as roupas de astronautas e os carros de Frmula 1.

    Consideraes sobre a aplicao dos critriosQuanto mais padronizado for o produto, menores so os seus custos de produo e de

    estoques, o que significa dizer que mais econmico aplicar o primeiro e/ou o segundo princpio.No caso em que h predominncia de homens ou de mulheres, deve-se adotar, de

    preferncias as medidas do sexo predominante.

    4.6 - Antropometria: aplicaes4.6.1. - Espao de trabalho

    Espao de trabalho um espao imaginrio, necessrio para o organismo realizar osmovimentos requeridos por um trabalho.

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    Embora certos trabalhos exijam muitos deslocamentos de todo o corpo, na maioria dasocupaes da vida moderna as atividades so desempenhadas em espaos relativamente pequenos,com o trabalhador em p ou sentado, realizando movimentos maiores com os membros do que como corpo.

    De uma forma geral, os seguintes fatores devero ser considerados no dimensionamento doespao de trabalho:a) Postura: fator que mais influi no dimensionamento do espao de trabalho. Trabalhos queexijam movimentos corporais mais amplos, deve-se fazer registros de antropometria dinmica.b) Tipo de atividade manual: Influencia nos limites do espao de trabalho. Trabalhos que exijamaes de agarramento com o centro das mos, como no caso de alavancas ou registros, devem ficarmais prximas do operador do que as tarefas que exijam a atuao apenas das pontas dos dedos,como pressionar um boto.c) Vesturio: O vesturio pode tanto aumentar o volume ocupado pelas pessoas, como limitar osseus movimentos, portanto deve ser considerado ao se dimensionar o espao de trabalho.

    4.6.2. - Superfcies horizontaisAs superfcies horizontais despertam um interesse particular em ergonomia, pois sobre elas

    se realiza grande parte dos trabalhos de montagem, inspeo, servios de escritrio, entre outros.a) Alcance sobre a mesa

    A rea de alcance timo sobre a mesa pode ser traada, girando-se os antebraos em tornodos cotovelos com os braos cados normalmente. Estes descrevero um arco com raio de 35 a 45cm. A parte central, situada em frente ao corpo, formada pela interseo dos dois arcos, ser a reatima para se usar as duas mos.

    A rea de alcance mximo obtida fazendo-se girar os braos estendidos em torno doombro.

    A faixa situada entre o alcance mximo e a rea tima deve ser usada para a colocao depeas a serem usadas para tarefas menos freqentes ou de menor preciso (como montagem, porexemplo). Tarefas com muita freqncia e com exigncia de preciso devem ser executadas na reatima.

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    Figura 4.1 - reas de alcances timo e mximo sobre a mesa, para a posio sentada(Grandjean,1983)

    b) Altura da mesa para trabalho sentadoAs variveis que influem na altura da mesa, para trabalho sentado so:

    - a altura do cotovelo; - altura dos olhos;- tipo de trabalho a ser executado.

    Quando o trabalhador est sentado, a altura do cotovelo e dos olhos depende da altura doassento. A altura do assento pode ser dimensionada usando-se a altura popltea (parte inferior dacoxa). Somando a altura do assento (obtida pela altura popltea) com a altura do cotovelo acima doassento, se obtm uma primeira aproximao para a altura da mesa.

    A altura final da superfcie de trabalho ser definida pelo compromisso entre a melhoraltura para as mos e a melhor posio para os olhos, que acaba determinando a postura da cabea edo tronco.

    A altura correta das mos e do foco visual depende da tarefa dimenses corporais epreferncias individuais. Muitas tarefas exigem acompanhamento visual dos movimentos manuais.

    Em princpio uma superfcie baixa melhor, porque os braos no precisam ser erguidos e,nesta posio mais fcil aplicar foras. Por outro lado, as superfcies mais altas permitem umamelhor visualizao do trabalho, sem necessidade de curvar-se para frente.

    Como orientao geral sugere-se as seguintes recomendaes para a altura da superfcie detrabalho, considerando-se trs situaes de uso dos olhos e mos:

    Tabela 4.2 - Recomendaes para a altura da superfcie de trabalho para trs situaes de uso dosolhos, mos e braos para a posio sentada e em p

    Tipo de tarefa Altura da superfcie de trabalho

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    Uso dos olhos: muitoUso das mos e braos: pouco

    10 a 30 cm abaixo da altura dos olhos

    Uso dos olhos: muitoUso das mos e braos: muito

    0 a 15 cm acima da altura do cotovelo

    Uso dos olhos: poucoUso das mos e braos: muito

    0 a 30 cm abaixo da altura docotovelo

    Deve-se considerar ainda que:- As mos e o foco visual nem sempre esto na superfcie da mesa ou da bancada. necessrioconsiderar a altura ou espessura das peas, ferramentas ou acessrios em uso. Ex: no uso deteclados, deve-se considerar que sua superfcie de tra


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